rebaixou uma alma em mim


Diário de um interno


HC, dia 4 de outubro de 2012, 7h da manhã.


Aqui estou mais um dia
fazendo tudograma sanguinário da rotina
voce não sabe como é ter que cavar
uma vaga na UTI praquela mina
que não é alemã, nem de israel
pro SUS falta tudo, até papel
deitado no corredor, mais um cidadão josé

servindo o Estado, um interno bom
passo fome metido a filho de Arnaldon
não sei o que eu desejo mas sei o que eu penso
sem um real no bolso, o curso tá tenso

passar sem bombar é o que eu espero
mas de 1 a 100, a minha chance é zero

ratatata metrô não vou pegar
dormir em mais um plantao é o que me resta
com raiva por dentro a caminho do centro

(paródia com Racionais MC, diário de um detento) de: Thiago Danção e Tales Maria B. A. G. Cordeiro

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num abraço coto
a despedida rota

            sete palmos de certeza bruta
            ferem a já quase ausente tranquilidade
que se esvai

como num suspiro
levando súbita e calmamente
a esperança de um sorriso seu



     e você ainda nem partiu


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Os jovens, a política e o novo


Somos seres sociais. Comemos banana porque muitos inventaram, plantaram, transportaram e venderam. Não comemos banana porque venderam. Ou venderam o triplo-x-double-burguer. A vida comum, em sociedade, está relacionada a tudo o que fazemos, influenciando, ainda, sobre como pensamos.

Nascemos. Sem escolher onde, quando ou com quem. Nascemos sendo a síntese de todas as relações, mas, ao mesmo tempo, somos os atores de todas elas. Criamos, recriamos, destruímos e reorganizamos tudo a nossa volta.

Hoje, nos é dado o...
Andar em volta de mercadorias, O Centro Comercial o Sol. As Coisas planetas. Os Homens e Mulheres apenas satélites. O pragmatismo é a religião de todos. “O Agora meu camarada”. “Grana, porra!” (por Venâncio Guerrero em “A militância encontro entre o lírico e o épico”)

Nos dizem que tudo está imóvel, que tudo se resume ao individual, que o máximo é o mínimo possível, que não podemos fazer nada e que a história já está escrita. E é fato que muitos que se moveram em épocas passadas hoje engrossam as fileiras dos que não lutam mais, que se venderam e passaram a atuar para que as coisas mudem o menos possível, muitos deles políticos famosos, outros anônimos e outros tantos anônimos que se dizem apolíticos.

Mas se tudo que fazemos influencia tudo a nossa volta, é impossível ser neutro. Ser apolítico, portanto, é se afastar dos acontecimentos políticos, não ouvir, não falar. É deixar o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio subirem, como diria Bertold Brecht em seu poema “O Analfabeto Político”.

É justamente esse afastamento que garante a existência e a permanência dessa figura pública que é o “político vigarista”, este que só sobe ao palanque para destilar mentiras e servir a aqueles que pagaram pela sua campanha, que comprar sua casa ou mesmo sua conta na Suíça. Esse afastamento é a consequência maior da falta de democracia real num país, onde a única vez que as pessoas podem oficialmente opinar é nas eleições.

As eleições e a política

Diferente do cotidiano em outras épocas do ano, o período de eleições ascende nas pessoas a vontade de debater e de ativamente influenciar nos rumos das suas cidades, estados e país. É o primeiro ou único espaço politizado para a maioria das pessoas. E a juventude tem um papel fundamental nesse processo!
É a juventude que traz o novo, que reascende a ideia de que o povo não precisa apenas receber as imposições dos governos sobre seus direitos e deveres, mas que pode, por outro lado, ser o beneficiado por aquilo que ele próprio constrói.
E política é para além das eleições. É militância cotidiana:

Enfim, a militância é o canto do eu e do meu entorno, une minha, tua, nossa conspiração em sonhar contra o consumo dos sonhos. A Militância é a atuação no dia dos caos contra minha realidade, no desemprego da crise generalizada, ou nas horas extras no caos do crescimento, no dia do despejo, no caos ambiental e da enchente. Pois, é uma postura do pequeno, do individuo contra o Caos gestado nos dias de Tédio. (por Venâncio Guerrero)

Organizemo-nos! Grêmios, associações de moradores, movimentos populares, sindicatos, coletivos... A juventude pode trazer o novo e inspirar a transformação social, lutar por uma sociedade sem opressões!

“É a febre da juventude que mantêm no resto do mundo a temperatura normal. Quando a juventude se esfria, o resto do mundo treme de frio”

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